Os anos de 2020 e 2021 têm representado um período difícil para todo o mundo.
Para mim, não foi diferente. Eu recebi centenas de mensagens de pessoas que também perderam entes importantes e isso me impactou o suficiente para querer falar sobre isso.
Não posso falar que existe um jeito fixo de lidar com as perdas que sofremos ao longo da vida. Cada um sente de uma forma e, por isso, reage também de uma forma.
Quando eu vivi o sentimento de luto neste ano, eu quis conversar com vários especialistas que me ajudaram muito.
E eu gostaria de passar para você um pouquinho daquilo que eu acredito que possa te ajudar como me ajudou.
De novo: não é uma fórmula certa para a superação. Se você puder, procure também ajuda profissional.
O que eu quero aqui é compartilhar algumas pequenas coisas que podem fazer a diferença.
Logo no início de 2021, eu gravei também um vídeo falando sobre o assunto.
Clique aqui para assistir.
O primeiro ponto que precisa ser discutido é a parte de existir um padrão, um estereótipo já esperado de você.
Existem muitas pessoas que vão surgir na sua vida e geralmente elas vão ter algo a comentar sobre você, seja coisa boa ou ruim.
O problema é que se nos deixarmos guiar por isso, sinceramente, ficaremos todas loucas.
São poucas as pessoas que vão reparar além do seu exterior, que vão tentar conhecer a sua personalidade, o seu carisma, a sua inteligência.
E é nessas pessoas que você deve focar, manter por perto na sua vida. Mantenha próximo quem valoriza a pessoa que você é, não a aparência que você ostenta.
Não tem roupa, cabelo ou maquiagem que vá superar a força de um bom caráter, de uma boa alma e uma energia positiva.
Então se você quer buscar o amor de alguém, busque o dessas pessoas que enxergam a sua essência.
Porém, não adianta você buscar o amor do outro… sem antes encontrar o seu próprio.
Sem nos amarmos, não seremos capazes de sentir o mesmo pelo outro verdadeiramente e, principalmente, não seremos amadas realmente.
Pois se você não se aceita e apenas guia a sua vida pelo gosto do outro, você nunca será você mesma.
Como o outro irá te amar, se ele conhece apenas a versão que você transparece para agradá-lo? Ele estará admirando uma miragem, não a sua essência.
Por isso eu sempre volto no ponto de se encontrar, de achar a sua essência. Para isso, minha querida, você precisa apenas aceitar aquilo que faz de você… diferente.
Acredite: ninguém é igual a ninguém. Você é única, você possui sua própria personalidade, sua própria beleza
E a partir do momento que você aceitar isso em si mesma e começar a amar as suas especificidades… nunca terá ninguém na sua vida que não te ame por quem você é.
Sendo sincera, há alguns anos atrás seria muito mais difícil colocar tudo isso em prática. Os estereótipos eram bem mais rígidos na minha juventude.
Fato é que, ainda bem, os tempos vêm mudando. Para a sua e a minha alegria, cada dia mais as pessoas valorizam o diferente.
Com isso, aqui vai o passo final...
A primeira coisa que fez toda a diferença para mim, foi ouvir que o luto não termina.
Daqui 10, 20, 30 anos, provavelmente você ainda sentirá falta dos entes de quem você se despediu.
Você ainda terá aquelas pequenas lembranças e bate aquela saudade…
E entender isso me deu toda uma nova perspectiva, uma nova direção para me ajudar a lidar com os sentimentos que vem logo que a perda acontece.
Eu sei como é a dor, a tristeza profunda da saudade e a raiva de não ter controle, de não poder mudar o que aconteceu.
É exatamente esse o ponto: eu não tenho o poder para mudar uma coisa que já aconteceu. No entanto, eu posso escolher como vou conviver com essa realidade depois.
Eu posso passar a vida chorando, reclamando e com raiva de Deus, ou eu posso decidir honrar aquilo que eu aprendi com a pessoa que se foi.
Posso me lembrar de como ela era, de tudo o que ela me transmitiu de bom e aplicar isso em mim mesma e nos outros ao meu redor.
“Mas, Cá, então ficamos para sempre em estado de alerta?”
Lembra que eu falei que o cérebro fica um tempo mandando energia para digerir e lidar com o choque?
Isso tem até efeitos: a memória ruim, os ânimos para baixo. Justamente porque sua cabeça está muito ocupada tratando essa dor para alimentar as outras partes dela.
O fato é que a partir do terceiro mês, é como se virasse uma chavinha na sua cabeça.
Você começa a ter um pouco mais de ânimo, volta a gostar das coisas que costumava fazer, volta a sentir a energia.
Sim, é como se o seu próprio corpo e mente se voltassem para o trabalho de cura.
Você tem esse mecanismo de defesa. O cérebro sofre uma baixa pelo choque e, depois de um período, volta a trabalhar para se recuperar.
Tudo isso para dizer algo que sempre falam para nós quando sofremos uma perda, mas nunca acreditamos:
O tempo cura. Com o tempo, passa.
Não passa a saudade, não passa a vontade de ter aquela pessoa de volta perto de você.
Porém, a angústia ameniza e você cultiva as coisas boas. Você fica com as melhores lembranças, você se recorda das coisas que ela gostava de fazer, que ela falava.
Você perdoa as partes ruins e aprende com elas, a não repeti-las na sua vida.
O luto nunca se vai, pois a marca deixada pelas pessoas que você ama é eterna no seu coração.
Pode ser a perda de um bichinho de estimação, dos pais, de um amigo.
Pode ser um divórcio, ou até aquele sentimento de quando os filhos crescem e chega a hora de saírem de casa. Tudo isso nos faz enfrentar o luto.
Minha mensagem para você com esse texto é que você entenda que não, você não tem controle sobre tudo na vida.
No entanto, você pode aproveitar as coisas sobre as quais você tem. Escolha as boas lembranças, escolha os sorrisos e escolha viver, acima de tudo.
Abrace quem você ama, demonstre esse amor e você nunca terá arrependimentos.
Deixo aqui registrado o meu carinho a todas as pessoas que perderam alguém e estão ainda sofrendo com isso.
Vai doer menos, mas você nunca vai esquecer.
Um abraço no seu coração,
Cá
R. Padre João Manuel, 755 - Conj. 91
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